Relato de Parto da Mayra – Nascimento do Carmelo

“Bebê: Carmelo
DPP: 01/07
DP: 01/07 – 04:10h
40 semanas
APGAR: 9/10
Peso: 3,420 kg
Altura: 51 cm
Doula: Marina Morena
Equipe médica: Dra Juliana Vargas Vares Voll e equipe.

Sempre pensei em ter filho por volta de 29/30 anos. Não me sentia madura o suficiente e outros planos vinham a frente! Fato é que sempre haverá algo a frente, nós nunca estamos satisfeitos. E, aos 25 anos me bateu a vontade, o instinto materno, assim como no meu marido, o paterno! Conversamos, decidimos e deixamos as coisas acontecerem naturalmente, sem ansiedade, sem cobranças! Não foi difícil, a tabelinha do período fértil deu suuuuper certo e em novembro/2019 (10 dias antes de nosso casamento no civil e festa de casamento) descobri a gravidez! Não pude beber no meu casamentoo e ainda era cedo, não poderia dar a notícia pra todos!

Tive uma gravidez muito tranquila, exames sempre bons, mãe e bebê saudáveis. Fazia meu pré-natal com uma ginecologista obstetra do plano de saúde e era certo que faria uma cesaria agendada. Essa ideia me incomodava, queria tentar parto normal, não estava satisfeita com minha GO e assim foi até as 28 semanas de gestação quando eu resolvi sair da minha zona de conforto e buscar outra profissional que realizasse o parto humanizado. Encontrei, 1h e 30 minutos de consulta resolvi seguir com ela, ufaa, primeiro passo foi dado. Após isso, mergulhei no “mundo parto normal” e fui em busca de informações sobre o assunto afim de me preparar o máximo possível. Pra isso contei com a ajuda de um grupo de gestantes do Rio maravilhoso (fiquei bem perdida no inicio mas logo me encontrei, rsrs), obrigada Lívia por me apresentar esse grupo! Então veio a PANDEMIA! Afastada do trabalho passava 100% do meu dia lendo livros, artigos, acompanhando posts de profissionais da área (GO, doulas, enfermeiras obstetras, pediatras), fazendo yoga, spining babies…etc, ao fim do dia dava aulas para o marido para prepara-lo tbm (importantíssimo). Também adquiri um curso de Preparação para o Parto da minha doula Marina Morena muito esclarecedor com informações valiosas!

Ao final da gestação comecei a comer tâmaras, caminhava pelo condomínio e reduzi carboidratos e açúcar, este último menos pois a vontade de doce era grandeee.

Com 36 semanas comecei a perder tampão aos pouquinhos e os choquinhos na ppk e a dor no cóccix já incomodavam bastante (sensação de que eu estava levando cabeçadas na vagina) rsrs! Com 37 vieram as contrações de treinamento e assim fiquei por 3 semanas, sempre sem dor. Com 39 semanas já comecei a ler sobre indução pensando na possibilidade de precisar. Apesar de estar confiante de que ele viria no momento certo, a ansiedade começou a bater e o desconforto da reta final era grande, mas sempre tentei me manter calma para que as coisas fluissem bem.

Eu e meu marido estávamos a uns dias tentando assistir um filme e devido a correria de trabalho dele estava difícil conseguir um momento juntos. No dia 30/06 ele chegou do trabalho e tomamos um café, brinquei com ele e disse que a partir dali Carmelo poderia nascer, pois eu havia conseguido fazer as unhas, depilação e o cabelo estava escovado, hahaha!! Conseguimos deitar às 18:30 para assistir “O contador” (filme estranho, mas recomendo). Por volta de 19:00 comecei a sentir contrações com dor leve na coluna lombar e cólicas. Consegui terminar de ver o filme, que durou 2 horas e acabou as 21h, falei pra ele e pedi para que dormisse pois talvez tivéssemos uma longa noite pela frente e eu o chamaria se as coisas evoluíssem. As dores foram aumentando, eu já não conseguia ficar deitada, então decidi avisar a doula e minha GO, dra Juliana Vargas. Fui orientada a cronometrar e acompanhar a evolução das dores. Fomos nos falando durante todo o processo em casa. Comecei a cronometrar e as contrações estavam bem irregulares, com intervalo de 3/3, 4/4 minutos e duração de 30/40 segundos. Fui para o chuveiro quente pra ver se iria aliviar, lá permaneci por 20 minutos e tive 4 contrações muito dolorosas. Sentei, fiquei de cócoras e de 4 apoios, nada aliviava, só aumentava, mas ainda suportável (aqui já era 23:30). Fui pra bola suíça e não consegui ficar (vontade de chutar a bola pra longe) rsrs, eu apenas me movimentava pela casa buscando alívio. Lembrei da orientação da doula sobre comer algo, fui pra cozinha e comi um pote de carne moída rsrs! Combinei com ela de nos encontrarmos na maternidade. Deitei de lado no sofá e ali fiquei por +/- 1h 30 min, a dor era intensa, e eu já não estava conseguindo cronometrar. Meu marido acordou com barulho do vento nos vidros da varanda (estava ventando muitooo nesse dia) e ficou um pouco assustado, não imaginava que já teria evoluido tanto! Voltei para o chuveiro e lá só consegui ficar por 10 minutos. Eu já mal conseguia andar, me arrastava segurando nas paredes, a cada contração eu pensava “pq fui inventar de querer isso de parto normal” hahahaha! Sérgio assumiu o meu celular e conversava com a GO e doula pois eu já não conseguia digitar e cronometrar as contrações apenas vocalizava a cada contração tentando relaxar, pois eu estava totalmente tensa e travada. Minhas pernas começaram a tremer muito, quando a dor vinha eu me contraia toda e me apegava no momento dos intervalos pra tentar descansar e relaxar mas não conseguia. Só pensava “me preparei pra dor mas não imaginava ser tudo isso”, mal sabia que ainda iria piorar rsrs! Sérgio voltou a cronometrar e as contrações estavam a cada 3 minutos, com 1 minuto de duração, hora de ir pra maternidade! Lembro do Sérgio correndo pra um lado e para outro pegando as malas, documentos e separando uns lanches, me ajudando a colocar a roupa, pois nem isso eu conseguia. Por fim ele me perguntou se deveria levar a bola suíça eu disse: “claro que sim” (a bola está até agora no carro, de lá não saiu em nenhum momento) HAHAHA!

Chegamos na maternidade às 2:40h. Minha doula veio me receber no carro e eu senti um alívio em vê-la, pois sabia que ela iria me ajudar com aquelas dores tão fortes. Na recepção ela já usou uma bolsinha de água quente que me ajudou a relaxar um pouco, eu estava MUITO trêmula e MUITO tensa. Minha GO pediu para que a plantonista me examinasse enquanto ela estava indo para maternidade. Eu mal abria os olhos, buscava a posição mais confortável, que era de cócoras. Ausculta do bebê ok, e eu com 9 cm de dilatação!!! Uhul, 9 cm, me apaguei nisso, 9 cm, está quaseee, será?!

Entrei pra sala de parto as 3:00hs, a cada contração parecia que meu corpo iria desmontar de tanto tremer, eu tinha vontade de chorar mas não conseguia, só conseguia vocalizar (aqui ainda não tão alto, rsrs). Fui para a banheira e fiquei sentada por um tempo, não sei quanto. Queria virar de costas pra doula massagear a lombar, mas não conseguia me mexer, precisava de ajuda pra me mover e vi que ali estava confortável, como estava fiquei. Dra Juliana pediu para me examinar e conferir a dilatação, permiti, nada de colo, 10 cm, bebê baixinho! Me perguntou se eu estava sentindo vontade de fazer força e sugeriu a baqueta. Fui pra baqueta de parto, minha bolsa estourou e lá começaram os puxos, que loucura!! Que vontade incontrolável de fazer força e gritar! Meu bebê estava chegando, muita emoção e muita dor! Consegui tirar uma foto sorrindo neste momento entre os intervalos hahaha! Meu marido estava atrás de mim, me apoiando a cada força, mas eu falava (constantemente): “não vou aguentar, não vou conseguir”. As GO ofereceram as pernas e as mãos para que eu apoiasse e puxasse na hora da força e foi ótimo (acho que machuquei as mãos delas, hehe). Não sei quantas forças foram, só sei que senti o tão falado círculo de fogo e entendi o pq desse título!!! Senti a cabecinha dele e logo em seguida ele nasceu, às 04:10 da manhã do dia 01/07/2020!!! Nasceu meu filho, eu não estava acreditando!!! Que emoção!!! Me entregaram ele, molinho, gelatinoso, chorando muito, que emoção!!! Eu estava fraca e mal conseguia segurar ele, a pediatra pegou e colocou mais pra cima de forma que o pai conseguisse segurar também. Ficamos ali um tempo, eu estava quase deitada no colo do Sérgio e o cordão estava me incomodando, esperamos ele parar de pulsar o pai cortou. Carmelo já pegou o peito e mamou muito na sala de parto, que sensação maravilhosa!! Tudo o que havia acontecido ali, a dor, o desespero, o cansaço passou na imediatamente na hora que ele saiu e eu olhei para aquele rostinho chorando! A natureza é incrível!!! Na cama sendo avaliada eu já estava fazendo piadas sobre meus gritos, parecia que nada tinha acontecido, era só felicidade!!!

Parir foi sem dúvidas a experiência mais louca e maravilhosa da minha vida, NADA se compara. Fiquei extremamente feliz com a forma que as coisas aconteceram, de forma totalmente natural, sem intervenções! Não teve anestesista, não foi necessário chamar. Confesso, eu idealizei um parto ideal, redondinho, assim como aconteceu! Isso com muita informação, meditação, e relaxamento (áudios de relaxamento do curso da minha doula, mágicos, recomendo super). Porém eu sempre estive consciente de que intervenções poderiam ser necessárias, que meu TP poderia ser bem longo e até precisar de uma cesaria de emergência, e tudo bem, pois cada parto é único! Mas o meu foco sempre foi: vai dar tudo certo!

Só agradeço a Deus por esse presente, por ele ter nascido saudável e da melhor forma pra ELE! Meu parceiro, meu marido, meu amor, pai do meu filho, essencial seu apoio para e parceria nessa aventura! Comprou a ideia de parto normal comigo e seguimos juntos no nosso objetivo, obrigada ❤️

EU PARI!!!!!!”