“Acho que o relato de parto da Anna começa logo depois do parto da Olivia. Com uma cefaléia pós ráqui MUITO incomoda, muito dolorida.
Dias depois de Olivia nascida eu já pensava em parir de novo. Gostaria MUITO de parir novamente, sem analgesia.

(Eu amo o parto da Olivia. Foi o primeiro. Não me arrependo da analgesia em si. Eu estava MUITO nervosa! E aquela calma foi muito boa pra mim. Eu pude participar do momento do nascimento dela com tranquilidade sem a dor envolvendo tudo. Funcionou naquele momento. É uma dor alucinante… E até aquele momento desconhecida.)
Quase 3 anos depois eu ia passar por tudo de novo… minha “única” certeza era que eu não queria analgesia.
Vou contar um pouco da gestação da Anna primeiro. Estávamos há quase 6 meses morando no Rio. Olivia na creche (coisa que eu NUNCA quis, mas ela estava há um ano em creche), eu tinha acabado de sair da VT em Niterói e estava temporariamente em uma VT na Lavradio. Ia trabalhar em uma Turma no 2o grau. Um trabalho COMPLETAMENTE desconhecido pra mim.
Em 18/06/2019 pela manhã eu fiz o teste em casa e deu positivo. Eu REALMENTE não estava esperando. Não foi nem um risco calculado. Aconteceu e eu nem lembrava como (o Bruno disse que lembrava). A situação era: passagens áreas emitidas para dois destinos diferentes pra nós 3. Hotéis reservados. Planejamentos e mais planejamentos de férias… Ter outro filho morando naquele apartamento pequeno não era mais uma opção. já estava apertado para nós 4… não caberia mais um bebê!
No ano anterior eu tinha sofrido um aborto. Outra gravidez não planejada, mas tínhamos total consciência dos riscos e escolhemos corrê-los. A gestação veio, no segundo mês passei por uma marsupialização, depois da recuperação da cirurgia tive muito mal estar geral, cheguei a ir 3 vezes na emergência, febre, queda de pressão, mas o diagnóstico de aborto retido só veio 4 semanas depois, durante a morfológica de 1º trimestre. Depois teve uma AMIU e aí sim eu fiquei fisicamente bem.
No dia 1º de Agosto de 2019 realizamos a ultrassonografia morfológica de 1º trimestre e o feto estava ótimo! Se desenvolvia perfeitamente. E aí sim começamos a refazer os planos para o ano seguinte. Conseguimos transferir a viagem de férias do ano seguinte para um versão reduzida juntando feriados, folgas de TRE, e horas extras para o final de outubro/início de novembro de 2019. Pagamos uma pequena fortuna nas passagens aéreas, mas conseguimos transferir o hotel e alugar carro, seguro viagem, e uma diária extra em outro hotel com o que já estávamos pagando para a viagem do ano seguinte. 1 viagem resolvida! (E foi a MELHOR viagem que fizemos juntos! Olivia 100% interativa, curtindo TUDO! Acordando e falando: “Já está sol!”, saindo de uma atração e imediatamente me perguntando: “Agora vamos aonde, mamãe?”)
Em 28 de setembro descobrimos que teríamos uma segunda menina. Desde quando começamos a falar com Olivia que eu estava grávida (após 1º de Agosto), ela já falava que ia se chamar AnnaiElsa, e de fato era uma menina. Eu não estava muito convencida do nome Anna e isso só foi decidido em 6 de dezembro.
Tínhamos ainda a viagem do recesso forense. Eu estaria com 32 semanas de gestação. Uma pequena loucura. Fui fazer hidroginástica, pensando em ficar bem e me preparar para a viagem. Enquanto isso no trabalho, aprendendo muitas coisas novas, trabalhando bastante. O pré-natal protocolar. Durante o mês de novembro eu fui mais rigorosa com as marcações da glicemia e logo no início de dezembro fui a uma terceira endocrinologista no pré-natal e logo comecei a fazer uso de insulina. Era uma preocupação a mais, uma rotina a mais.
Para esse parto eu fiz questão de outras coisas que eu não tive na gestação de Olivia, queria registrar o parto. E nessa procura acabei decidindo ter uma doula também. Me preocupava Bruno por acaso não poder estar comigo por causa de Olivia… E foram as melhores decisões que eu tomei.
Foi só uma semana antes da viagem em Dezembro que resolvemos irmos de fato. Reservei o último hotel que faltava (o único que não estava reservado desde antes da gestação), fiz todo planejamento pra semana, no dia 23 de dezembro fiz uma nova ultrassom e estava tudo ótimo com Anna. Embarcamos em 25 de dezembro. Chegando em Lisboa em 26 de dezembro. Fomos para o hotel tomar banho e dormir! Mas ainda passeamos bastante até o final do dia. Especialmente agora durante a quarentena, QUE BOM QUE NÃO DESISTIMOS DESSA VIAGEM! Correu tudo bem com a gestação. Conhecemos Lisboa e Barcelona. Assisti a peça do Harry Potter em Londres, fui ao Tuor nos Studios, fomos a Windsor, Stonehenge… Cumprimos todo os pontos pensados quando decidi o roteiro. Oceanário de Lisboa, Winter Wonderland, Kensington Gardens, Museu de História Natural em Londres, conhecer a neve, Camp Nou, Sagrada Família em Barcelona.
Janeiro chegou e trabalhei bastante até o último dia. Mais médicos, nutricionista, comecei a fazer acupuntura e as sessões com a Priscila eram maravilhosas. Aliviaram o corpo e alma. Era um sessão de terapia! E fevereiro chegou.

MEUS planos eram entrar em trabalho de parto espontâneo (não aconteceu). Depois foi internar dia 06 de fevereiro para indução. Cheguei na Maternidade, não tinha leito. Liguei para o obstetra, fomos para outro hospital, começamos a indução por volta de 16h. Colo desfavorável, começa a indução com a introdução do comprimido de miso.
Não sentia nada. Cheguei a sentir algumas contrações, mas não engrenou… colocamos outro comprimido e nada. No dia seguinte continue no hospital… não engrenava… o colo não modificava NADA. 5 comprimidos depois, o colo continuava do MESMO JEITO.
Conversei bastante com meu obstetra e sempre deixando claro que cesárea NÃO era uma opção pra mim, e ele sugeriu que eu tivesse alta, fizesse outra ultrassonografia, mais uma sessão de acupuntura, e retornar na quinta-feira 13/02 para começarmos a indução novamente. Eu mantive a esperança de entrar em trabalho de parto espontaneamente, sai do hospital e fui encontrar minha mãe e Olivia na casa do meu irmão. Depois fomos pra casa da minha mãe e dormimos na casa alugada em Magé. Estávamos exaustos e precisávamos descansar. No dia seguinte fomos almoçar com a família do Bruno na casa da minha sogra, e só chegamos de volta em casa no domingo a noite. Na segunda-feira Olivia já estava fora da creche e ficou comigo até Bruno voltar do trabalho. Depois fui para a sessão de acupuntura e então para a Emergência da Maternidade fazer a ultrassonografia com doppler. Anna estava ótima.
Na terça-feira fui com Olivia no shopping. Um passeio só nós duas, e ocupar o tempo dela, já que ela estava fora da creche. Ficamos por 1 hora no Animasom e Bruno chegou para nos encontrar. Jantamos no shopping antes de voltar pra casa. Na quarta-feira, na véspera da segunda internação, planejei ter um dia delicioso com Olivia. E assim foi. Fui com ela para o Shopping Metropolitano. Almoçamos no Balada Mix, foi um almoço super gostoso só nós duas. Depois ela ficou 3 horas na Estação Turma da Mônica. Brincou MUITO! Se divertiu um monte! Várias atividades diferentes. Até Bruno chegar. Depois ainda fizemos nossa última refeição do ano no Outback. Nosso último passeio em família antes de Anna chegar. Foi um dia delicioso!
Quinta-feira 13/02: Saímos de casa de manhã, passamos na casa do meu irmão para deixar Olivia com minha mãe, e fomos para a Maternidade.
Eu estava muito menos confiante que uma semana antes.
Um parênteses: a indução da Olivia funcionou com 2 comprimidos de misoprostol. Foi colocado um comprimido de manhã, por volta de 8 horas da manhã. Um segundo comprimido por volta de 15h e ela nasceu às 19:23h. Quando eu internei no dia 06/02 eu tinha CERTEZA que Anna nasceria naquela semana e a indução funcionaria e seria muito rápido. Chamei a doula, chamei a fotógrafa, nada aconteceu, fiquei super frustrada e constrangida e dessa vez eu não estava tão confiante e não queria “incomodar” ninguém.

Chegamos na Maternidade, internamos, e ficamos aguardando o obstetra chegar. E fiz questão de pedir meu almoço, ligando para meu médico, porque não queriam me dar! O médico chegou por volta de 14h, o colo estava praticamente igual na alta anterior, e foi introduzido o primeiro comprimido. Passei a tarde andando no quarto, fazendo planos de viagens para 2022 até 2023. Isso fez meu dia passar muito mais rápido… Fazer planos pra viajar (e principalmente executar meus planos) me animam imensamente. O dia passou, nada senti. Por volta de 21h o médico retornou e havia tido pouca evolução no colo. Ele decidiu então introduzir dois comprimidos. Assim fizemos. Conversamos mais um pouco e já estávamos traçando estratégias para o dia seguinte. Ele foi embora. Eu continuava sem sentir nada… Já frustrada decidi dormir por volta de 23h.
Acordei de repente. 01:55h. Sentia uma cólica. Bruno roncava… Mais uns minutos e senti novamente, mais forte. Abri o aplicativo e comecei a marcar, eu contraia de 3 em 3 minutos, por uns 50 segundos, cada contração mais forte que a anterior. Eu já estava com vontade de ir ao banheiro. Comecei a chamar o Bruno e ele demorou uns 5 minutos para acordar. Pedi ajuda, fui ao banheiro. Liguei o chuveiro quente.
02:15h, Bruno entrou em contato com o médico, ele disse que viria imediatamente. Bruno me perguntou se deveria chamar a doula. Eu disse que não. A contração veio, eu disse: fala com ela!
As contrações vinham de 3 em 3 minutos, longas, cada vez mais doloridas.
O médico chegou exatamente no momento que já tinha ficado cansada no chuveiro e voltava pra cama. Às 2:55h.

Em incríveis 15 minutos a doula estava a caminho. Marina chegou às 3 horas. Quando a Rita chegou, às 3:15h, eu já vocalizava bastante, mas ainda baixo. Marina fez massagens, usou óleos essenciais, e hoje (quase 4 meses depois), se não fosse o vídeo, eu lembraria muito pouco. Sei que durante o trabalho de parto ativo, que foi MUITO rápido, eu pedi analgesia. Enquanto a contração vinha e estava super forte dolorida, eu choramingava pedindo analgesia, “por favor”, eu não estava aguentando aquilo, “dói MUITO”… E aí sim eu gritava na contração… Um “aaaaahhhhhh” bem alto, forte, longo…
Não sei se por causa da indução, mas eu tinha 3 contrações seguidas sem descanso… A contração é como uma onda, e lá em cima é mais dolorido, dura uns 30/40 segundos, talvez, de dor MUITO intensa, e aí a dor vai diminuindo, até, teoricamente, parar, por talvez, 1 minuto… A minha onda diminuía, e voltava a aumentar, sem ter o momento de ausência de dor… Às vezes duas vezes seguidas, mas chegou a 3 contrações seguidas, sem descanso…
Dentro desse tempo que a Marina ficou comigo, do momento que ela chegou até Anna nascer, eu fiquei apoiada na lateral da cama, subi na cama e fiquei apoiada na cabeceira (lembro bem de apertar meu rosto quando a dor estava muito intensa, ainda gemendo, choramingando, reclamando num tom normal), sentei na bola na outra lateral da cama, até a Marina sugerir voltar para o chuveiro.

Lembro de ter berrado assim que minha barriga encostou na água do chuveiro… Acho que a água estava muito quente… Mas não foi uma queimadura, foi um grande desconforto… Gritei que não queria ficar ali, não queria a água. A água cessou, eu estava sentada na bola, eu pulei da bola, levantando, gritando, a bola sumiu, mas eu não consegui mais sair dali. Depois que eu levantei da bola a bolsa estourou. Veio outra contração e eu me agarrei na barra do chuveiro, agachei, e me senti tão confortável quanto possível naquela posição.
Em algum momento aí eu fiz cocô, pegaram e jogaram fora (provavelmente no vaso), saíram também vários pontos de hemorróidas, e isso foi o que mais incomodou no pós parto imediato.
Eu não lembro exatamente tudo que aconteceu, nem como. Trouxeram a banqueta, e entre uma contração e outra conseguiram me ajudar e deslocar para a banqueta. Marina ficou atrás de mim e acho que já na primeira contração na banqueta eu lembro de dizer que a dor tinha mudado. Lembro disso nitidamente. A dor da contração tinha aliviado. Comecei a sentir os puxos e a ardência forte da cabeça da Anna descendo.

Não sei quantas contrações de fato foram. Acho que talvez umas 5. Lembro que quando vinha a vontade de fazer força, eu fazia. Gemia. E ardia. Até ela nascer e sentir alívio! E que sensação MARAVILHOSA! Anna nasceu 04:01h. Absolutamente toda a dor desaparece. E esse momento é indescritível. A sensação da vitória. De ter alcançado alguma coisa MUITO MUITO difícil. Ela foi recebida pelo Dr. Rodrigo e imediatamente me passou ela. Dessa vez eu a peguei. Fiquei com ela no meu colo. Olhei pra ela. Unhas SUPER compridas! Cheguei a colocar ela no peito, mas ela não pegou… Pouco tempo depois senti vontade de empurrar de novo e a placenta saiu inteirinha. E sem absolutamente nenhuma dor.
Voltei pra cama pra ser avaliada. E aí começaram os sintomas mas estranhos: uma tremedeira intensa nas pernas. Tremia MUITO. Anna foi sendo avaliada pelo pediatra. Eu levei alguns pontos. Não sei quantos. Mas foram poucos. E depois que estava tudo bem. Anna já estava mamando vigorosamente. Deitada direto na minha pele e só coberta com a mantinha… todos foram embora um a um. Avisamos do nascimento dela… Nós 3 dormimos pela manhã.

Quando Olivia nasceu eu passei praticamente uma semana sem dormir. Dormi talvez em média duas horas por dia dentro dessa semana.
3 horas depois que Anna nasceu eu dormi! Dormi de manhã. Dormi de tarde. (Enquanto minha mãe e Olivia ainda estavam no quarto da maternidade. Eu dormi).
Eu estava calma, eu estava em paz. Eu estava segura! E eu dormi! E Anna também dormiu! MUITO! E ainda dorme! Dorme muito bem!
Aquela bebê não planejada me permitiu mais uma reconstrução. Ela me cativou. Rapidamente me apaixonei intensamente por ela. Sempre estive tranquila em estar à disposição do que fosse melhor pra ela. Anna chora muito pouco. Em 5 meses NUNCA teve uma cólica. (E eu comi quilos de chocolate, feijão, cebola, alho… não faço NADA de dieta, restrição alimentar). Riu super cedo. Gargalhou com pouco mais de 4 meses. Antes de 5 meses já está ficando de quatro apoios, com cabeça e barriga levantando do chão. Ela tem tranquilidade. Liberdade para se desenvolver. Mama nos primeiros sinais, é atendida nos primeiros resmungos. E isso nos mantém muito mais tranquilos e harmônicos. É maravilhoso!”
Mãe: Ianê
Pai: Bruno
Bebê: Anna
Médico: Dr. Rodrigo Vianna
Doula: Marina Morena
Fotógrafa: Rita Mello
Neonatologista: Dr. Carlos Alberto Cordeiro























